Ocupando novos territórios: a ofensiva neoliberal sobre a educação e seus estratagemas
Nesta semana, circulou a notícia de que o governo estuda modificar o Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos com a oferta de, respectivamente, 40% e 100% dos conteúdos dos cursos realizados por meio de ensino a distância. Imediatamente, o ministro da educação apressou-se em dizer que desconhecia a proposta e que esta não refletia a vontade do ministério.
A negativa do titular da pasta da educação, longe de ser um alívio, soa como um grande alerta de que a possibilidade de que esse processo entre em andamento é muito grande, não porque estas posições reflitam ou não as intenções de seus emissores, mas pelas estratégias que frequentemente são adotadas pelos neoliberais para vencer no campo ideológico.
Quando o governo pretende ver aprovada alguma mudança que cause comoção social, sua primeira iniciativa é lançá-la no ar por uma fonte mais ou menos indefinida, para que se possa testar sua aceitabilidade. Caso encontre forte resistência, a ideia pode ser recusada de pronto e aparecer em outro momento. Caso encontre amparo na opinião púbica, dependendo da intensidade do mesmo, ela pode ou ser aprovada de maneira integral ou pelo menos em algumas de suas partes. Desse modo, o que importa é abrir caminhos em sua marcha de dominação.
A eficácia desse método deve-se, principalmente, ao efeito psicológico causado nos opositores. Isso pode ser visto em outras situações, como quando é anunciada privatização de uma estatal. Imediatamente, os trabalhadores se manifestam de maneira contrária à mudança. As autoridades retiram a proposta, mas propõem a diminuição de direitos dos trabalhadores, a fim de manter a empresa sob a administração púbica, e o povo sai com a sensação de que teve uma grande conquista, que nada mais foi do que a manutenção do estado de coisas, porém em condições cada vez mais desfavoráveis.
Assim, é sempre o projeto governista que avança. Os adversários permanecem na defensiva, e não se organizam para uma mudança verdadeira, a qual é relegada cada vez mais a um horizonte utópico e distante. Nesse cenário, é de se esperar que em breve a EAD passe a frequentar as escolas do Ensino Básico, precarizando ainda mais o já combalido trabalho docente.